Título, tema e parágrafo


     Sempre que nos referimos sobre a presente tríade (título, tema e parágrafo), relacionamo-na às partes elementares pelas quais se perfaz toda construção textual. Considerando que esta requer habilidades por parte do emissor, e que, sobretudo, compõe-se de técnicas específicas, enfatizaremos a seguir sobre a importância, conceito e aplicação referente aos três elementos anteriormente mencionados.
     Em se tratando da composição de um texto, torna-se necessário, antes de qualquer procedimento, sabermos o assunto sobre o qual iremos discorrer. Conjuntamente a isso, e de maneira essencial, elencarmos todas as ideias e argumentos que a ele são peculiares.
    Atenhamo-nos, em uma primeira instância, ao tema, haja vista que esse se refere à ideia-núcleo, proporcionando ao emissor uma gama de posições a serem discutidas acerca de um determinado assunto.
    Contextualizando-o aos casos de maior recorrência, apontamos a maioria dos concursos públicos e vestibulares, dentre os quais são disponibilizados uma multiplicidade de coletâneas, sejam elas matérias jornalísticas, charges, cartuns, poemas, fragmentos de obras literárias, entre outras. Todas retratando sobre a mesma unidade temática.
    Definidos os propósitos sobre os quais incidirão de forma direta na exposição das ideias, é chegado o momento de focalizarmos nossas atenções para o título do texto, mesmo porque já apreendemos que o tema caracteriza-se por apresentar uma abrangência um pouco mais ampla. Já o título, sintetiza a ideia ora em discussão, individualizando-a, tornando-se de fundamental importância para a produção textual.
     Faz-se necessário que o mesmo esteja em consonância com o tema e, principalmente, se mostrando atrativo, com vistas a despertar a curiosidade no leitor para se interagir com o discurso apresentado, pois a coerência, um dos elementos também considerados primordiais, começa a partir do próprio título. Daí a importância de se preservar a essência, ou seja, a própria intencionalidade discursiva.
     Imbuídos do objetivo de compreendermos de forma sistemática sobre tais aspectos, consideraremos os exemplos em evidência:

Tema:
A influência exercida pelos meios de comunicação na convivência humana.

  
 Partindo dessa premissa, procuraremos delimitá-la de modo a definirmos um título:

A televisão como norteadora das relações familiares.   

    Desta feita, concluímos que, embora o assunto central manteve-se intacto, focalizou-se mais especificamente para os efeitos relacionados à televisão.
   Tendo em vista a complexidade condizente à “arquitetura” de um texto, ressaltamos a composição dos parágrafos, responsáveis pela atribuição das ideias que, a partir de uma principal, desenvolvem-se outras secundárias interligadas entre si.
   Estes, esteticamente, constituem todo o texto, razão pela qual os mesmos devem apresentar-se bem distribuídos, de modo a retratar de forma lógica e coerente o discurso abordado, promovendo assim uma verdadeira interação entre os interlocutores envolvidos.

Tipos de frases

 baloezinhos

    Não adentraremos no assunto que ora se evidencia sem antes focalizarmos sobre os aspectos que demarcam a oralidade e a escrita, uma vez que tal procedimento nos condicionará a uma efetiva compreensão mediante os objetivos propostos.
    Assim sendo, há que se mencionar que a oralidade permite que o emissor usufrua de determinados recursos, como gestos, expressões faciais, retomadas de pensamento, interrupções, dentre tantos outros. Recursos estes não condizentes com a linguagem escrita, visto que nesta modalidade tais intenções são retratadas pelos chamados sinais de pontuação, estando intrinsecamente ligados ao objetivo pretendido pelo emissor ao proferir sua mensagem. De modo a estabelecermos essa distinção, analisemos:

- Pensemos em alguém que se mostra visivelmente surpreso (a) mediante a chegada de uma determinada pessoa. Essa adjetivação (surpreso) poderia estar relacionada a distintos sentimentos – decepção, alegria, espanto, temor, etc.

Poderíamos perfeitamente mentalizar acerca das expressões corporais em relação ao emissor, algo que na escrita seria caracterizado por:
? - ! - ... - .

    De forma específica, os sinais de pontuação fazem toda a diferença quando se trata dos diferentes tipos de frases, levando em consideração o contexto em que se encontram inseridas e a finalidade discursiva. Eis que, de acordo com o sentido que se deseja transmitir, as frases podem assim se classificar:

Frases declarativas – Informam ou declaram acerca de um determinado assunto, podendo ser afirmativas ou negativas.
Exemplos:
Iremos ao baile de formatura.
A conferência não tem horário definido para terminar.
Frases interrogativas – Utilizadas quando se pretende obter alguma informação sobre algo, sendo que tal questionamento pode se dar tanto de forma direta quanto indireta.
Exemplos:
Você participará dos jogos olímpicos? (forma direta)
Gostaria de saber aonde você vai. (indireta)

Frases imperativas – Sua utilização pauta-se pelo objetivo pretendido pelo emissor em influenciar diretamente sobre o comportamento do interlocutor, ou seja, quando se quer dar uma ordem ou fazer um pedido. Essas podem ser afirmativas ou negativas.
Exemplos:
Abra-se comigo, pois percebo que precisa desabafar.
Não ajas assim, pode ser perigoso.

Frases exclamativas – Relacionam-se à exteriorização dos sentimentos atribuídos pelo emissor, podendo ser expressos sob várias circunstâncias.
Exemplos:
Nossa! Que bom que você veio.
Ah não! Olha quem está ali, a festa acabou para mim.

Frases optativas – Exprimem desejos.
Exemplo:
Vá em paz!

Particularidades de alguns sinais de pontuação - o travessão


  Travessão [ - ]:  Atribui-se a este sinal a função de:

* Indicar a fala de um determinado personagem ou a mudança de interlocutor nos diálogos:
- Quando voltarás para cá?
Seu amigo respondeu:
- Não sei, por enquanto prefiro ficar por aqui, pois estou investindo muito na minha vida profissional.

* Enfatizar uma palavra, frase ou expressão.
Ex: Era somente este o objetivo de Carlos – concluir sua graduação e seguir carreira militar.

* Separar orações intercaladas em substituição à virgula ou ao parênteses.
Ex: São Paulo – considerada a maior metrópole brasileira – enfrenta problemas de naturezas distintas.

Particularidades de alguns sinais de pontuação - o ponto de exclamação


  Ponto de exclamação [ ! ]:
  Usado nas seguintes circunstâncias:

* Depois de frases que retratem ordem, indiquem espanto, admiração, surpresa, dentre outros sentimentos.

Exemplos:  Nossa! Não esperava vê-lo aqui.
                 Tenha confiança! Obterás um ótimo resultado.

* Após interjeições e vocativos.
Ah! Não me venha com este discurso fútil.
Já sei! Foi você, garotinho esperto!

* Diante de frases que exprimam desejo.
Guarda-me Senhor!
Que Deus o abençoe!

Observações importantes:
- Quando o sentido proferido pelo discurso prescindir ao mesmo tempo de interrogação e exclamação, poderão ser utilizados ambos os sinais.
Ex: Eu falar com ele?! Nem pensar.

- Quando se quer enfatizar ainda mais o sentimento ora caracterizado, haverá a possibilidade de repetir o ponto de exclamação.

Ex: Não!!! Já disse que não irei.

Particularidades de alguns sinais de pontuação - o ponto de interrogação


  Ponto de interrogação [ ? ]:
   Utilizado no final das frases interrogativas diretas, indicando também outros sentimentos por parte do emissor, tais como: surpresa, indignação ou revelando uma expectativa diante de um determinado contexto linguístico.

Exemplos:

"O quê? Não trouxe a encomenda que lhe pedi?"

"Por que não compareceu à festa de aniversário?"

Particularidades de alguns sinais de pontuação - os dois pontos


    Dois-pontos [ : ]: 
  Tem por finalidade introduzir palavras, expressões ou frases no intento de esclarecer, desenvolver ou explicar melhor uma passagem anteriormente citada. Sua empregabilidade está condicionada às seguintes circunstâncias:

* Indicar uma citação do emissor, de autoria própria ou alheia.
Ex: Gastei uma hora pensando em um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
Carlos Drummond de Andrade
* Indicar uma enumeração.
Ex: Encontravam-se todos presentes: filhos, genros, noras, netos e bisnetos.

* Indicar as falas dos personagens mediante a trancrição do discurso direto.

Ex:

Durante a aula, o aluno perguntou à professora:
- Quando serão entregues os resultados referentes ao bimestre anterior?
Ela respondeu-lhe:
- Em breve.

* Demarcar uma explicação ou sequência.
Ex: Eram muitos os requisitos para o pleito daquela vaga de emprego: possuir um ano de experiência no cargo, ter habilitação e disponibilidade de horário.

Particularidades de alguns sinais de pontuação - o ponto e vírgula


  Ponto e vírgula [ ; ]: 
  Representa uma pausa maior que a vírgula e um pouco menor que o ponto-final, sem, contudo, encerrar o período. Sua utilização encontra-se relacionada aos seguintes casos:

* Separar as orações inerentes a um período muito extenso, principalmente se em uma delas já houver a presença da vírgula.
Ex: Dos mais de cem funcionários daquela empresa, apenas uma pequena porcentagem não concordou com as recentes decisões; o restante, todos aderiram às novas ideias.

* Separar orações coordenadas assindéticas que exprimam relações de sentido entre si.Ex: As queimadas destruíram a vegetação; todos os animais silvestres foram mortos.

* Substituir, de modo facultativo, a vírgula em orações coordenadas sindéticas adversativas.
Ex: Não concordava com as opiniões dos colegas; contudo, respeitava-as.

* Separar orações coordenadas sindéticas conclusivas, sendo que as conjunções se encontram pospostas ao verbo.
Ex: A família era responsável pela garota; precisava, portanto, de protegê-la em todas as circunstâncias.

* Separar itens de uma enumeração e artigos relacionados a decretos, sentenças, petições, dentre outros.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

[...]

 Constituição Federal de 1988.

Particularidades de alguns sinais de pontuação - o ponto final


   Ao estabelecermos uma análise comparativa entre a linguagem oral e a escrita, constatamos que ambas são demarcadas por alguns aspectos que as fazem divergir entre si. Entre eles, citamos os sinais de pontuação, que, uma vez evidenciados, reproduzem as entonações e pausas proferidas por meio da oralidade.
  Conjuntamente a essa finalidade, há também outras atribuições a eles destinadas. Entre tais, destacamos: distinguir determinadas palavras ou frases em um dado contexto linguístico, de modo a conferir-lhes uma ênfase maior, como também evidenciar graficamente as pausas conferidas mediante a elocução - consideradas como resultantes da sintaxe estabelecida pelos termos constituintes.
  Usualmente, os sinais de pontuação que mais se destacam são: ponto-final, ponto e vírgula, ponto de exclamação, interrogação, dois-pontos, travessão, reticências, aspas, parênteses, vírgula e colchetes.   Atendo-nos a uma análise acerca de suas principais características, estabeleceremos familiaridade com cada um deles, uma vez analisados de modo particular:

  Ponto-final [ . ]:  Caracteriza-se por indicar uma pausa maior no discurso, pautando-se pelas seguintes finalidades:

* Indicar o fim de uma frase declarativa.Ex: Os convidados demonstravam-se contentes durante todo o evento.

* Representar as abreviaturas.Exemplos:
bibl. = bibliografia
C.C. = Código Civil
a.C. = antes de Cristo
obs. = observação
Me. = mestre
Rev.mo = Reverendíssimo

  Dica importante:  Os símbolos referentes às unidades do sistema métrico decimal e aos elementos químicos não são acompanhados do ponto-final.
Exemplos:
Kg, m, cm, Hg, Au, K, Pb, dentre outros.

O uso da vírgula entre os períodos compostos por subordinação

   A vírgula, assim como tantos outros elementos relacionados aos conteúdos gramaticais, encontra-se submetida a determinadas regras no que se refere à sua aplicabilidade ou não. Dentre as várias circunstâncias em que este sinal de pontuação se faz presente, destacam-se os períodos compostos por subordinação e coordenação.
   Assim sendo, atendo-nos ao objetivo de nos tornarmos um pouco mais familiarizados com o assunto em questão, de modo a constatarmos como realmente se materializam tais ocorrências, analisaremos alguns casos:

  A vírgula entre orações subordinadas e a principal:
Não se recomenda o uso da vírgula entre as orações subordinadas substantivas e a oração principal.

* Orações subordinadas substantivas:
 
Ex: Não permito | que você faça parte do meu grupo.
Oração principal | oração subordinada substantiva objetiva direta.

  Observação importante:  
  O uso da vírgula somente se aplica às orações subordinadas substantivas apositivas, podendo também ser demarcadas pelos dois-pontos.
Ex: Minha esperança é somente esta: | que você possa um dia me entender.
        Oração principal                       | oração subordinada substantiva apositiva.

* Orações subordinadas adjetivas
- As orações subordinadas adjetivas restritivas não são separadas por vírgula.
Ex: A menina| que estuda no colégio Dom Bosco | recebeu a premiação.
Or. principal  | or. subordinada adjetiva restritiva    | oração principal.

- As orações subordinadas adjetivas explicativas vêm sempre demarcadas pela vírgula.
Ex: Dom Casmurro, obra de Machado de Assis, é uma excelente opção de leitura.
Oração principal       | subordinada explicativa      | oração principal.

* Orações subordinadas adverbiais  
  Geralmente, recomenda-se o uso da vírgula em todas as orações subordinadas adverbiais.
Ex: Como desejava passar no vestibular,| matriculou-se em cursinho especializado.
Oração subordinada adverbial causal     | oração principal.

  Atenção:   Caso a oração subordinada esteja posposta à principal, o uso da vírgula é dispensado.

Preparamo-nos com bastante antecedência |para não perdermos o espetáculo.
Oração principal                                                    | oração subordinada adverbial final.

* Orações subordinadas reduzidas    A mesma regra que se aplica às subordinadas desenvolvidas, aplica-se também às reduzidas, ou seja, quando a oração reduzida vier antes da principal, a vírgula é necessária, e quando vier depois, não é obrigatória.
Exemplos:
Para acalmar os pequenos, | sugeri uma leitura.
Or. subord. adv. reduzida      | oração principal.

Sugeri uma leitura | para acalmar os pequenos.
Oração principal     | oração subordinada adverbial reduzida.

A vírgula entre as orações coordenadas


    Assim como ocorre no período composto por subordinação, o uso da vírgula também se manifesta no período composto por coordenação. Diante de tal afirmativa, vale mencionar que este se perfaz de uma característica marcante – o fato de as orações serem sintaticamente independentes entre si, ou seja, não apresentarem nenhuma dependência sintática entre os termos que as constituem, visto que, como a própria nomenclatura retrata, eles se coordenam de forma mútua.
   Ao ressaltarmos acerca desta não dependência, na verdade estamos enfatizando que as orações possuem todos os elementos essenciais à sua composição, isto é, sujeito e predicado. Como podemos constatar em:

"Pedro chegou e saiu apressadamente."

Neste caso, temos a 1ª oração – Pedro chegou.
Temos também o conectivo que as liga – representado pela conjunção “e”.
E a segunda oração – saiu apressadamente. Identificamos que a presente oração possui o mesmo sujeito da primeira, que é Pedro.

   Outro aspecto digno de nota no período em questão é que as orações se subdividem em assindéticas e sindéticas. O termo “assindéticas” revela-nos a ausência de síndeto (=conjunção), como em:

"Abriu a porta, não viu ninguém."

   Não há nenhum conectivo ligando as duas orações, razão pela qual se denominam de assindéticas.
   Compreendidas as características de maior relevância, ater-nos-emos agora ao caso da vírgula entre a referida modalidade. Vejamos:

* As coordenadas assindéticas são separadas por vírgula.
Ex: Ao constatar que o lugar era desconhecido, resolveu seguir viagem.

* As coordenadas sindéticas, de modo geral, separam-se entre vírgulas, exceto aquelas demarcadas pela conjunção “e”, classificadas como aditivas (ver primeiro exemplo).
Ex: Ele a respeitava bastante, mas não concordava com suas opiniões.
Or. coordenada assindética    | oração coordenada sindética adversativa

   Entretanto, há algumas exceções no que se refere às aditivas. Note:

# Separam-se entre vírgulas as orações coordenadas ligadas pelo conectivo “e” quando possuírem sujeitos distintos.
Ex: O rapaz nem se preocupou em se explicar, e seu pai também não fez questão de saber.

Oração coordenada assindética                           | oração coordenada sindética aditiva.

# A vírgula também se faz presente quando a conjunção “e” aparece repetida várias vezes - caracterizando um recurso linguístico denominado de polissíndeto.
Ex: Ele estuda, e trabalha, e faz serviços extras, e ainda encontra tempo para se divertir nos finais de semana.

  A vírgula entre as orações intercaladas
* Separam-se por vírgulas todas as orações intercaladas.
Ex: São somente estas, a não ser que existam outras, as encomendas que deverão ser entregues.

  Observação:  Nesse caso, a vírgula também poderá ser substituída por outro sinal de pontuação – o travessão.

Ex: Todos aqueles – com exceção da menina – são meus primos.

A vírgula – um simples sinal pode mudar todo o sentido?


   Antes de desvendarmos tal indagação, é importante percebermos que este sinal de pontuação – ora representado pela vírgula – possui acepções que vão além de uma simples pausa relacionada à linguagem oral. O sinal encontra-se relacionado a fatores de natureza sintática, dos quais todo usuário necessita ter conhecimento. Citá-los aqui não nos é viável, dada a intenção a que se presta o artigo, mas devemos sempre ter consciência de sua importância para a construção de textos mais fluentes, claros e precisos.
    Além desses aspectos, há que se ressaltar que a vírgula mantém uma estreita relação com a intencionalidade discursiva, ou seja, sua existência ou não depende muitas vezes da intencionalidade do falante. Eis aí o ponto fundamental que nos permitirá chegar ao ápice de nossa discussão.
    Observemos, pois, os seguintes enunciados:

"Maria, estuda todos os capítulos para a avaliação."

"Maria estuda todos os capítulos para a avaliação."

"Pega ladrão!"

"Pega, ladrão."
    Em todos eles, a vírgula determinou sua razão de existir, uma vez manifestando a intenção que o emissor deseja conferir à mensagem ora proferida. No primeiro e último exemplos, temos que a enunciação representa um chamamento, uma invocação, direcionados tanto à Maria, quanto ao ladrão. E se estamos diante de um vocativo, a presença da vírgula é necessária.
    Atendo-nos ao segundo e terceiro exemplos, constatamos a presença das mesmas características em relação à forma (quando comparados aos exemplos já citados). Entretanto, notamos que a mensagem retratada pelas sentenças se diverge completamente, pois ambas afirmam uma ação revelada pela forma verbal.

Classificação dos Fonemas e Dígrafos


  Os fonemas da Língua Portuguesa classificam-se em vogais, semivogais e consoantes.
  Vogais: são fonemas pronunciados sem obstáculo à passagem de ar, chegando livremente ao exterior. Exemplos: pato, bota.

   Semivogais: são os fonemas que se juntam a uma vogal, formando com esta uma só sílaba. Exemplos: couro, baile.
   Observe que só os fonemas /i/ e /u/ átonos funcionam como semivogais. Para que não sejam confundidos com as vogais i e u serão representados por [y] e [w] e chamados, respectivamente, de iode e vau.

  Consoantes: são fonemas produzidos mediante a resistência que os órgãos bucais (língua, dentes, lábios) opõem à passagem de ar. Exemplos: caderno, lâmpada.

   Dicas:   Em nossa língua, a vogal é o elemento básico, suficiente e indispensável para a formação da sílaba. Você encontrará sílabas constituídas só de vogais, mas nunca formadas somente com consoantes. Exemplos: viúva, abelha.
   Dígrafos  É a união de duas letras representando um só fonema. Observe que no caso dos dígrafos não há correspondência direta entre o número de letras e o número de fonemas.

Dígrafos que desempenham a função de consoantes: ch (chuva), lh (molho), nh (unha), rr (carro) e outros.
Dígrafos que desempenham a função de vogais nasais: am (campo), en (bento), om (tombo) e outros.

Sílaba e Divisão silábica


  Sílaba é a unidade ou grupo de fonemas emitidos num só impulso da voz.

  Divisão silábica  A fala é o primeiro e mais importante recurso usado para a divisão silábica na escrita.
  Regra geral:   Toda sílaba, obrigatoriamente, possui uma vogal.

  Regras práticas:   Não se separam ditongos e tritongos.
Exemplos: mau, averiguei.

  Separam-se as letras que representam os hiatos.
Exemplos: sa-í-da, vo-o...

  Separam-se somente os dígrafos rr, ss, sc, sç, xc.
Exemplos: pas-se-a-ta, car-ro, ex-ce-to...

  Separam-se os encontros consonantais pronunciados separadamente.
Exemplo: car-ta.

  Os elementos mórficos das palavras (prefixos, radicais, sufixos), quando incorporados à palavra, obedecem às regras gerais.
Exemplos: de-sa-ten-to, bi-sa-vô, tran-sa-tlân-ti-co...

  Consoante não seguida de vogal permanece na sílaba anterior. Quando isso ocorrer em início de palavra, a consoante será anexa à sílaba seguinte.
Exemplos: ad-je-ti-vo, tungs-tê-nio, psi-có-lo-go, gno-mo...

Acento gráfico e acento tônico – marcas distintivas


   Dado o aspecto complexo - norteador dos fatos linguísticos, há que se mencionar acerca de alguns entraves com os quais o usuário compartilha na tentativa de compreendê-los (os fatos). Contudo, à medida com que estes vão se tornando familiares, mediante a busca constante pelo conhecimento, tal problemática tende a tão somente se amenizar ou se extinguir de uma vez por todas.
   Em razão disso, no intuito de cooperar para que este avanço seja efetivamente materializado, o artigo que ora se evidencia tem por finalidade discorrer acerca das diferenças existentes entre o acento gráfico e o acento tônico – ambos relacionados a questões ortográficas que, sem nenhuma dúvida, representam alvo de inúmeros questionamentos.
   À guisa de algumas elucidações, temos que o acento tônico não pode ser confundido com o acento gráfico, pois aquele refere-se a aspectos relacionados à oralidade. Portanto, no sentido de detectá-los com veemência, faz-se necessário proferirmos melodicamente os vocábulos, uma vez que, se assim procedermos, teremos condições de constatar onde realmente a sílaba pronunciada com mais intensidade encontra-se demarcada. Dessa forma, procurando tornar prático tal posicionamento, ater-nos-emos à análise de alguns deles:
TA-TU
A-TRIZBAN-CA-DA
SE-NA-DO

   Detectamos que as sílabas em destaque representam o que chamamos de tônica, visto que são pronunciadas com mais força. Para tanto, independentemente de haver qualquer indício de sinal gráfico, tal aspecto foi constatado. Eis o segredo da tonicidade!
   Já em se tratando do acento gráfico, este se encontra intrinsecamente ligado a regras pré-concebidas pelas normas gramaticais de uma forma geral, mais precisamente no que tange à acentuação. Para tanto, basta analisarmos:
CA-
-RAX
AR-MA-ZÉM
LÂM-PA-DA

    Notamos que no primeiro caso trata-se de uma palavra oxítona terminada em “e”. Regra: Todas as palavras terminadas em a, e, o, em seguidas ou não de “s” deverão ser acentuadas.    Atendo-nos ao segundo exemplo, constatamos que se trata de uma palavra paroxítona terminada em “x”. Regra: Todas as paroxítonas assim terminadas recebem o acento gráfico.   Quanto ao terceiro, identificamos um vocábulo também oxítono, terminado em “em”. Regra: Idêntica à primeira.    Por último, temos uma palavra proparoxítona, a qual integra um grupo em que todas são acentuadas.    Mediante tais postulados, aposta-se que todas as dúvidas em relação a este fato tenham sido sanadas, tendo em vista a seguinte concepção:
   Para que a sílaba tônica exista, ela não precisa, necessariamente, estar acentuada. Caso esteja, o acento gráfico se “incube” de recair sobre ela mesma!


 

Adjetivo ou Advérbio?

 Adjetivo ou advébio? Em algumas circunstâncias o adjetivo faz o papel do advérbio

    Adjetivo ou advérbio? Eis aí dois importantes elementos que compõem as chamadas classes gramaticais, mas que, no entanto, em se tratando de algumas colocações, representam aquelas incorreções que, às vezes, cometemos – infringindo, portanto, as leis regidas pela gramática.
    Seguindo essa linha de raciocínio, atenhamo-nos ao enunciado:
"Discreto, ele saiu da festa."

   Quando analisada, tal enunciação nos remete a um questionamento de cunho relevante: seria “ele” discreto ou seria essa a forma como ele saiu da festa?
    Para responder a essa pergunta, que tal retomarmos o conceito de advérbio?
   Esta classe conceitua-se como a palavra que modifica o verbo, o adjetivo e o próprio advérbio. Dessa forma, o enunciado em questão necessita ser reformulado, uma vez que, por se tratar da forma como ele deixou a festa, o correto é o uso do advérbio, e não do adjetivo. Nesse sentido, temos:
"Discretamente, ele deixou a festa."

   Sim, haja vista que o advérbio ("discretamente") modifica o verbo "sair".
   Chegamos, então, ao ápice de nossa discussão: quando usamos adjetivo e quando usamos o advérbio?Conclusão efetivamente comprovada.
   Contudo, há alguns casos, porém raros, em que o adjetivo pode ser usado no lugar do advérbio, sem que esse (o advérbio) perca a qualidade. Mediante tal ocorrência afirmamos se tratar de uma derivação imprópria – manifestada pela mudança de uma dada classe gramatical para outra. Assim sendo, vejamo-los:
Bastante conhecida por nós, há uma propaganda de cerveja, a qual nos diz: “A cerveja que desce redondo”.
   Redondo, neste caso, é o modo como a cerveja desce.
   A princípio poderíamos até pensar que o adjetivo deveria concordar com o substantivo “cerveja”. Contudo, nesse caso, não é a cerveja que desce redondo, mas sim o modo como ela desce. Logo, constatamos que um adjetivo faz o papel de advérbio.

Dissertação Subjetiva


   Primeiramente, não compartilharemos de forma imediata com as questões teóricas concernentes ao assunto em evidência sem antes discorrermos, mesmo que de forma sucinta, sobre a linguagem como meio de interação entre as pessoas.
   Seja na fala ou na escrita, quando nos propomos a praticá-la, somos norteados por objetivos distintos, dentre eles: informar, relatar sobre algo, instruir, expressar sentimentos, expor opiniões, entreter, entre muitas outras finalidades.
   E partindo de tais finalidades a que se propõe o discurso é que podemos classificar os textos, sendo estes dotados de características próprias, os quais se materializam por meio dos inúmeros gêneros textuais que circundam o nosso cotidiano.
   Referindo-nos às características que lhes são peculiares, os textos se perfazem basicamente pelas seguintes classificações: narrativo, descritivo e dissertativo. Atendo-nos de maneira específica ao dissertativo, este, por sua vez, consiste na postura assumida pelo emissor em revelar suas opiniões, com vistas a expor seu pensamento crítico acerca de um determinado assunto ora em discussão.
   O aspecto relevante que nutre essa modalidade textual é a argumentação, uma vez que a intenção do emissor ao se posicionar frente a uma ideia em discussão tem por objetivo convencer o interlocutor, por meio de argumentos plausíveis, do seu ponto de vista.
   Em virtude do caráter argumentativo, o texto dissertativo requer total objetividade no que se refere à linguagem, que deve ser clara, coerente e precisa, conferindo-lhe um tom universal, ou seja, isentando-se de qualquer envolvimento por parte de quem o redige.
   Até então enfatizamos sobre as regras que regem uma dissertação. Mas como quase toda regra tem lá suas exceções, o texto em questão não fugiu dessa ocorrência. Desta feita, referimo-nos à chamada “dissertação subjetiva”.
  Trata-se de um texto em que prevalece a mesma intenção anteriormente discutida – a de convencer o interlocutor sobre algo. Agora entretanto, retratada por uma abordagem de cunho mais pessoal, passível de uma linguagem mais subjetiva, na qual sentimentos e emoções poderão prevalecer. Será permitido para tal que o emissor se utilize de verbos na 1ª pessoa do singular, como também o discurso, por vezes impregnado de impressões pessoais, certamente nos revele uma certa conotação.

Descrição


   Figurando-se dentre a modalidade escrita, o texto descritivo perfaz-se de certas particularidades concernentes à mesma, tais como: linguagem clara e precisa, ideias coesas e coerentes, distribuídas em uma sequência linear em que o discurso condiciona o leitor a adquirir uma visão mediante o objeto descrito.
  O texto descritivo atribui-se às características peculiares a um determinado ser, objeto, lugar, uma obra de arte, um filme, dentre outros. Há de se considerar que o ato da observação relaciona-se aos cinco sentidos (visão, olfato, paladar, audição e tato), com vistas a apreender o objeto captado e transformá-lo em imagens e palavras.
   Podemos dizer que se trata de uma fotografia verbalizada, na qual a riqueza de detalhes, retratadas de forma minuciosa destaca-se como fator de extrema relevância. Na medida em que o emissor os revela, automaticamente vai se instaurando um clima de interatividade com leitor, materializando-se como uma espécie de representação mental acerca do que é representado.
   Torna-se importante ressaltar que a tipologia ora em evidência compões-se de duas formas representativas: a objetiva e a subjetiva.    Na descrição objetiva o observador limita-se a descrever os fatos de uma forma concisa, tal e qual eles realmente demonstram ser. Neste caso o objeto é retratado de maneira fiel, isentando-se de qualquer atributo ligado à subjetividade. Vejamos um exemplo:

"A garota era loura, olhos azuis, extrovertida, dinâmica e inteligente. Entrou na passarela, demonstrou toda a sua competência e sagrou-se como vencedora."
   Percebe-se a predominância de uma imparcialidade absoluta no que se refere ao discurso apresentado.
  Já na descrição subjetiva, o observador ao retratar o elemento em evidência, lança mão de suas próprias impressões, revelando-as por meio de instinto subjetivo, emitindo opiniões e atribuindo juízos de valor. Conforme demonstra o fragmento a seguir:

“A cama larga, coberta com uma colcha rendada, ocupava quase todo o quarto aconchegante com suas almofadas de seda e paredes cobertas de retratos familiares [...] O retratos familiares eram antigos, amarelados e convencionais com seus grupos de homens e mulheres de preto, cercados de crianças de cachos e botinhas.” Telles, Lygia Fagundes. As meninas. Rio de janeiro: Rocco, 1998.
   Detectamos diante do mesmo, um certo envolvimento por parte do emissor, explicitamente retratados pelo emprego dos adjetivos: antigos, amarelados e convencionais.

Narração


    O texto narrativo caracteriza-se pelo relato de fatos retratados por uma sequência de ações, relacionadas a um determinado acontecimento, podendo ser estes fatos reais ou fictícios.
    Para que este relato seja algo dotado de sentido, o mesmo dispõe-se de alguns elementos que desempenham funções primordiais. Representando-os, figuram-se os personagens, peças fundamentais para a composição da história, narrador, espaço, tempo e enredo propriamente dito, ou seja, o assunto sobre o qual se trata.    Dentre aqueles caracterizados como narrativos, destacam-se contos, novelas, romances, algumas crônicas, poemas narrativos, histórias em quadrinhos, piadas, letras musicais, entre outros.    Como anteriormente mencionado, os elementos que constituem a referida modalidade são dotados de funções específicas, e, para que possamos compreendê-las de modo efetivo, as analisaremos minuciosamente:

   Personagens   Constituem os seres que participam da narrativa, interagindo-se com o leitor de acordo com o modo de ser e de agir. Algumas ocupando lugar de destaque, também chamadas protagonistas, outras se opondo a elas, denominadas de antagonistas. As demais caracterizam-se como secundárias.

   Tempo   Retrata o momento em que ocorrem os fatos (manhã, tarde, noite, na primavera, em dia chuvoso). O mesmo pode ser cronológico, ou seja, determinado por horas e datas, revelado por acontecimentos dispostos numa ordem sequencial e linear - início, meio e fim; e psicológico, aquele ligado às emoções e sentimentos, caracterizado pelas lembranças dos personagens, reveladas por momentos imprecisos, fundindo-se em presente, passado e futuro.

   Espaço   É o lugar onde se passa toda a trama. Algumas vezes é apenas sugerido no intuito de aguçar a mente do leitor, outras, para caracterizar os personagens de forma contundente. Dependendo do enredo, a caracterização do mesmo torna-se de fundamental importância, como, por exemplo, os romances regionalistas.

   Narrador    Ele funciona como um mediador entre a história que ora é narrada e o leitor (ou ouvinte). Sua perspectiva, aliada a seu ponto de vista e ao modo pelo qual organiza tudo aquilo que conta, são fatores decisivos para a constituição da história.
   A maneira pela qual o narrador se situa em relação ao que está narrando denomina-se como foco narrativo. E, basicamente, há três tipos:

Narrador-personagem - Narrando em 1ª pessoa, ele participa da história, relatando os fatos a partir de sua ótica, predominando as impressões pessoais e a visão parcial dos fatos.
Narrador-observador – Ele revela ao leitor somente os fatos que consegue observar, relatando-os em 3ª pessoa.
Narrador-onisciente – Além de observar, ele sabe e revela tudo sobre o enredo e os personagens, até mesmo seus pensamentos mais íntimos, como também detalhes que até mesmo eles não sabem. Em virtude de estar presente em toda parte, é também chamado de onipresente, o que lhe permite observar o desenrolar dos acontecimentos em qualquer espaço que ocorram.
Algumas vezes limita-se a observá-los de forma objetiva, em outras, emite opiniões e julgamento de valor acerca do assunto.

   Enredo    É o conjunto de incidentes que constituem a ação da narrativa. Todo enredo é composto por um conflito vivido por um ou mais personagens, cujo foco principal é prender a atenção do leitor por meio de um clima de tensão que se organiza em torno dos fatos e os faz avançar.
Geralmente, o conflito determina as partes do enredo, representadas pelas referidas partes:

Introdução – É o começo da história, no qual se apresentam os fatos iniciais, os personagens, e, às vezes, o tempo e o espaço.
Complicação – É a parte em que se desenvolve o conflito.
Clímax – Figura-se como o ponto culminante de toda a trama, revelado pelo momento de maior tensão. É a parte em que o conflito atinge seu ápice.
Conclusão ou desfecho final – É a solução do conflito instaurado, podendo apresentar final trágico, cômico, triste, ou até mesmo surpreendente. Tudo irá depender da decisão imposta pelo narrador.

Tipos textuais


    Basicamente, até mesmo porque os livros didáticos os conceituam desta forma, conhecemos três tipos textuais – Narração, Descrição e Dissertação. Entretanto, resta-nos estarmos cientes sobre dois aspectos fundamentais que a eles se referem:
    Um deles é sabermos que “tipos” relacionam-se à natureza de ordem linguística, tendo em vista seus aspectos constitutivos. Dessa forma, um texto narrativo caracteriza-se pelo relato acerca de um determinado acontecimento, contando com a participação de alguns elementos primordiais, como, narrador, personagens, espaço, dentre outros.
    O texto descritivo pauta-se pelo registro das características pertinentes a um objeto, animal, acontecimento, lugar, pessoa, um fato, e muitos outros. E o dissertativo, cujo discurso refere-se à exposição de ideias com base em argumentos convincentes e verdadeiros a respeito de um determinado assunto.
    Outro detalhe é considerarmos que em certas ocasiões discursivas há a coexistência dos três em um único texto. Tal ocorrência dependerá da intenção do próprio emissor, que, ao narrar sobre uma viagem, por exemplo, poderá perfeitamente descrever sobre personagens, lugares visitados, levando em consideração aspectos que lhes são peculiares. O fato é que, mesmo havendo fusão entre os tipos de texto, certamente uma modalidade predominará sobre as outras.
     E para que possamos estar aptos a identificar sobre as tais modalidades e suas respectivas especificidades, e, sobretudo torná-las práticas, faz-se necessário estabelecermos uma efetiva familiaridade com a escrita. Partindo do pressuposto de que todo texto remete-se a um contexto gerador, a uma maneira de olhar o mundo, a uma formação cultural, e, consequentemente, a uma intenção por parte de quem o produz.
   Atendendo ao propósito de ampliarmos nossos conhecimentos linguísticos sobre o tema em evidência, analisaremos alguns exemplos representativos que retratam sobre o mesmo:


“Ela saltou em meio da roda, com os braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça, ora para a esquerda, ora para a direita [...] Depois, como se voltasse à vida, soltava um gemido prolongado, estalando os dedos no ar e vergando as pernas, descendo, subindo, sem nunca parar com os quadris, em seguida sapateava, miúdo e cerrado freneticamente” [...] Aluísio Azevedo. O cortiço
    Podemos perceber que se trata de um texto narrativo, em virtude da presença de elementos característicos.

“A ideia de que existem planetas em torno de outras estrelas além do Sol não é nova. Mas nenhuma pista deixou os astrônomos tão animados como as que foram detectadas na estrela 51 da constelação do Pégaso, Em outubro, os astrônomos Michel Mayor e Didier Queloz, da universidade de Genebra, notaram que a estrela se movia de um lado para outro. ”[...] Superinteressante, fev. 1996.
    Aqui, nos defrontamos com um texto dissertativo, por se tratar de um fato jornalístico que expõe argumentos sobre descobertas científicas.

A Conotação - Um recurso estilístico da linguagem


    A língua, caracterizada como uma entidade eminentemente social, se apresenta como algo dinâmico, pois ao manter uma perfeita sintonia com a evolução do tempo, torna-se passível de transformações. Compreendê-la em sua totalidade é, para nós, enquanto usuários natos, motivo de tamanho privilégio e considerável satisfação.
    Dada a sua arbitrariedade, pressuposto bastante difundido pelo linguista suíço Ferdinand de Saussure, o signo linguístico compõe-se de dois elementos indissociáveis: o significante e o significado. Assim sendo, ao travarmos contato com uma determinada palavra, esta se mostra assim representada:

C - A - S - A – elemento linguístico que se constitui de letras e que, ao ser proferido pelo falante, produz um determinado som. Temos, assim, a noção do que seja o significante.

    Associada a esta concepção, dispomos de outra particularidade, ou seja, a noção, o conceito que temos do objeto ora representado, constituído pela imagem mental que atribuímos a este. Dessa forma, tal palavra se caracteriza como moradia, instrumento particular do qual as pessoas se dispõem para se acolherem – representando o significado.
   Tais postulados tendem a nos subsidiar quanto ao entendimento acerca da denotação e conotação, uma vez que aquela se refere ao sentido original das palavras, prescrito pelo dicionário, e esta permite que o “significado” assuma diferentes sentidos, dependendo do contexto em que se encontrar inserido. Observemos, pois:

"O rapaz do qual lhe falei mora em uma linda casa."
   A palavra “casa”, neste caso, é entendida de acordo com seu sentido real, concreto.
   Diferentemente se disséssemos:

"A casa caiu para aqueles terríveis marginais, pois foram capturados hoje pela polícia."
   De acordo com o contexto, o vocábulo assumiu um sentido diferente do convencional ao simbolizar um acontecimento contrário àquele esperado, isto é, o fato de ter coibido a ação dos marginais, evitando que continuassem a agir de forma ilícita.
   Esses recursos que fogem ao convencionalismo são extremamente evidenciados pelas figuras de linguagem, cujo objetivo do emissor é de conferir maior expressividade à mensagem. Sua manifestação se dá na linguagem literária, propiciando por parte do leitor um maior envolvimento diante da magia da linguagem, e também na linguagem publicitária de uma forma geral, cuja finalidade proferida pelo discurso é a de exatamente persuadi-lo. Assim sendo, o emissor usa de determinados artifícios para a concretização de seus reais objetivos, apostando numa linguagem passível de múltiplos significados, bem como outra não verbal, associando imagens e texto para provocar um eficaz efeito de sentido diante do interlocutor.

'De repente' ou 'derrepente'?


    A expressão “de repente” representa uma locução adverbial referente ao advérbio de modo “repentinamente”, cujo significado retrata algo realizado de súbito, repentino. Assim, como podemos detectar por meio dos exemplos em evidência:

"De repente, ela chegou sem nada dizer."
"Não mais que de repente, Márcia deixou o recinto sem dar explicações."
"Estávamos todos conversando, quando, de repente, fomos surpreendidos pela presença de dois rapazes estranhos."

   Quanto à expressão “derrepente”, esta é concebida como errônea, não se enquadrando, portanto, no padrão formal da linguagem. Dessa forma, procure evitá-la.

'Nenhum' ou 'nem um'?


    Em virtude de apresentarem semelhança sonora, tais expressões tendem a ser alvo de vários questionamentos por parte dos usuários da língua no momento da escrita. Contudo, algumas dicas nos fornecem subsídios no intento de saná-las e apreendê-las de uma vez por todas. Portanto, analisemos os enunciados, abaixo descritos:

"Nenhum aluno conseguiu obter a média esperada."
"Não fico nem um minuto sem sentir saudades de você."

   O termo “nenhum” classifica-se como pronome indefinido. Já o termo “nem um” se refere ao sentido de "nem um sequer", "nem um único". Observemos, pois, outros exemplos:

"Não estou nem um pouco preocupada com o resultado."
"Nem uma única recompensa foi obtida com aquele trabalho."


  

'De o' ou apenas 'do' - De que forma utilizá-los?


   Comumente nos deparamos com situações linguísticas reveladas por:

"Apesar dele não ser uma companhia agradável, restou saudades."
"Já estava na hora dela entender tudo."
"Não entre antes do professor chegar."

   Tendo em vista que o conhecimento é algo não mensurável, a todo instante nos deparamos com situações com as quais não temos assim tanta familiaridade. Atendo-nos aos enunciados linguísticos supracitados, percebemos que, aparentemente, não se trata de nenhuma incoerência gramatical, não é mesmo? Mas o fato é que, na verdade, há. Vejamos por que:
   Ao analisarmos os termos em destaque, constatamos a presença de uma contração, caracterizada pela junção da preposição “de” + o pronome pessoal do caso reto (ele/ela) – fato considerado atípico em se tratando dos postulados concebidos pela Gramática, pois de acordo com seus preceitos não se admite tal junção, uma vez que esses pronomes funcionam como sujeito da oração. Assim sendo, o elemento que é regido pela preposição é sempre o verbo, e não o sujeito.
   Afirmativa que se perfaz pela veracidade quando nos dispomos a proceder da seguinte forma:
Quem não é concebido como uma agradável companhia?  “ele”.Quem precisava entender tudo? “ela”.Quem deve entrar primeiro? “O professor (3ª pessoa- ele)”. 
   Tais pressupostos nos revelam que esta prática linguística, ora tida como usual, precisa de uma verdadeira reformulação. Portanto, atendo-nos aos enunciados, concluiremos que estes se revelam da seguinte forma:

"Apesar de ele não ser uma companhia agradável, restou saudades."
"Já estava na hora de ela entender tudo."
"Não entre antes de o professor chegar."

Empregando o C e o Ç


   Quanto ao som... quase que idênticos!!!
  Eis um, senão o único, dos aspectos motivadores de tantos questionamentos no momento da escrita. E, com toda certeza, acomete uma infinidade de usuários. Contudo, tal problemática tende a desaparecer mediante a prática da escrita e, não deixando de ressaltar, o hábito constante da leitura, pois à medida que estabelecemos contato com esta, compartilhamos com novos discursos e, assim, ampliamos nosso léxico.
  Para tanto, no intuito de alavancarmos nossos conhecimentos rumo à aquisição destas habilidades, compartilharemos com algumas informações acerca das particularidades inerentes à ortografia de determinados vocábulos, especialmente as grafadas com as letras "c" e "ç". Vejamos:

   Emprega-se a letra “C”: * Tal vocábulo possui som de /s/ em consonância com as vogais “e” e “i”.
Exemplos:
cidade
cedo
coice
meiguice
precioso
civilizado

* mediante alguns sufixos terminados em: -ância, -ência.Exemplos: infância
tolerância

   Emprega-se “Ç”:
* Em palavras de origem árabe, tupi, ou africana.Exemplos:
muçulmano
caçula
araçá

* Em alguns sufixos representados por -aça, -aço, -uça.Exemplos:
mulheraça
amigaço
dentuça

* Outros terminados em -açar , -içar. Exemplos:
estilhaçar
caçar
escorraçar
espreguiçar

* E ainda, aqueles terminados em: -ção, -ança, -ença. Exemplos:
canção
criança
crença

G ou J – Quando utilizá-los?


    Dúvidas quanto à grafia das palavras? Majestade, ferrugem, viagem.... enfim, tantas outras!
    Proposta sugestiva: Que tal aprofundarmos nossos conhecimentos acerca deste assunto? Fantástico, não?
    Usamos a letra “g” mediante as seguintes circunstâncias:
* Diante dos substantivos terminados em: -agem, -igem e -ugem:
Exemplos:
garagem
vertigem
viagem
ferrugem
fuligem
* Nas palavras terminadas em: -ágio, -égio, -ígio, -ígio, -ógio e –úgio:Exemplos:
pedágio
sacrilégio
prodígio
vestígio
relógio
refúgio
   Eis mais alguns vocábulos que também compartilham desse mesmo caso:
apogeu
gengiva
monge
geada
laringe

   Fazemos uso do “j” de acordo com os seguintes casos:
* Mediante as formas verbais terminadas em -jar:Exemplos:
relampejar
viajar
trovejar
enferrujar
esbravejar
* Nas palavras de origem tupi, africana, árabe ou ainda, exóticas:Exemplos:

canjica
manjericão
jiboia
jericó

* Nas palavras que derivam de outras também grafadas com “j”.
Exemplos:
cerveja – cervejaria
laranja – laranjeira
loja – lojista, lojinha

   Vejamos mais alguns exemplos dotados dessa mesma característica: jumento
jeito
majestade
jiló
laje
hoje

Empregando corretamente o 's' e o 'ss'


    Eis que nos defrontamos com uma das muitas dúvidas ortográficas que acometem grande parte dos usuários da língua. O fato de, em termos sonoros, palavras apresentarem marcas notoriamente semelhantes.
    Contudo, mesmo que assim demarcadas, há que se mencionar que elas se constituem de alguns pressupostos, os quais devemos nos atentar em se tratando das situações formais de interlocução. Portanto, cerquemo-nos de algumas considerações explicitadas a seguir:
   * Casos relacionados ao emprego da letra “s”:
a) Nos sufixos –esa e –isa, formadores de palavras femininas:poetisa
marquesa
profetisa
baronesa...

b) Depois de ditongos:
coisa
náusea
lousa...


c) No sufixo –ês quando este indicar origem, procedência: chinês
norueguês
inglês...
d) Nos sufixos –oso e –osa, constituintes de adjetivos: bondoso
caridosa
generoso...
* Casos relacionados ao emprego do “ss”:
a) Nos substantivos relacionados a verbos com o radical –met:submeter – submissão
intrometer – intromissão...

b) Nos substantivos relacionados a verbos constituídos pelo radical –gred:transgredir – transgressão
agredir – agressão...

c) Nos substantivos a que se relacionam os verbos com o radical –prim:comprimir – compressão
reprimir – repressão

d) Nos substantivos relacionados a verbos formados pelo radical –ced: ceder – cessão...e) Nos substantivos relacionados a verbos constituídos pelo radical –tir:discutir – discussão
permitir – permissão...

Um estudo acerca das vogais "o" e "u"


     As vogais em referência também integram o quadro das dúvidas ortográficas que acometem uma grande parte dos usuários. Questionamentos esses que decorrem da semelhança sonora entre uma infinidade de vocábulos que perfazem o sistema linguístico. Em razão de tal ocorrência, cercar-nos das informações que se restringem à forma correta de grafá-los é, sem dúvida, um passo primordial rumo à conquista de nossa competência linguística.
   Para ressaltar acerca de tais semelhanças, lembramo-nos da palavra “boteco”, mas que na verdade soa como se fosse grafada com a letra “u”. Sendo assim, verificaremos adiante alguns pressupostos relacionados ao emprego das referidas vogais, lembrando também que estas são responsáveis por fatores relacionados à semântica, como é caso de:

comprimento - cumprimento
soar - suar
sortir - suar

* Grafam-se com “o”: boteco, botequim, mochila, nódoa, cortiço, moela, mosquito, mágoa, moleque, tossir, goela, engolir, polenta, toalete, zoar, etc.
* Grafam-se com “u”:
amuleto, bueiro, camundongo, cinquenta, cutia, curtume, jabuti, jabuticaba, entupir, embutir, mandíbula, supetão, tábua, tabuleiro, urtiga, urticária, entre outras.

'Estado' ou 'estado'? Marcas linguísticas

 

     Defrontamo-nos com dois vocábulos idênticos, porém dotados de traços singulares. E, por assim dizer, não nos resta alternativa senão acreditar que estamos compartilhando com mais uma das tantas curiosidades proferidas pelo sistema linguístico.
     Uma delas diz respeito à semântica, pois temos o "Estado" equivalente a uma determinada instituição, o "estado" que representa as diversas regiões de um dado lugar e "estado" que se atribui à forma pela qual uma pessoa se apresenta, no caso, o estado de saúde, o estado emocional, entre outros.
     De posse dessas informações, temos condições de ressaltar outra característica, a qual representa o real objetivo do artigo que ora se faz presente - aquela relacionada às questões ortográficas. Portanto, analisemos:
     Quando nos referimos ao “Estado” - instituição -, este é grafado sempre com letra maiúscula. Tal como em:
    "É dever do Estado cuidar das questões referentes aos órgãos que dele fazem parte."    No caso de nos referirmos a alguma região brasileira, esta deverá ser grafada com letra minúscula, como por exemplo:
   "Moramos no estado do Rio de Janeiro."
   "É bem provável que o estado de saúde de Márcia se agrave ainda mais."
    Dotado das mesmas características que o termo anterior, também é grafado com letra minúscula.

Entrar 'de férias' ou 'em férias'?

 

   Pois bem, resta-nos dizer algo: o ano já se finda... Ah!!! É chegado o tão esperado momento... Mas afinal, você estará de férias ou em férias?
   Percebemos uma infinidade de expressões das quais cotidianamente fazemos uso, mas que, de acordo com o padrão formal da linguagem, nem sempre estão adequadas a tal. Contudo, o presente postulado não se refere às expressões ora em estudo, uma vez que ambas as formas estão corretas: de férias ou em férias.   Assim, em se tratando dos enunciados subsequentes, constatamos que estes se encontram adequados à modalidade já citada. Como por exemplo:

"A viagem está marcada, pois todos estarão de férias.""Há que se aproveitar bastante, uma vez que tão logo estaremos em férias."  
   Entretanto, há uma ressalva a se fazer. Portanto, atente-se a ela:  Quando resolvemos atribuir um adjetivo ao substantivo, recomenda-se usar a expressão “em férias”. Evidenciada da seguinte forma:
"Os funcionários sairão em férias coletivas."
"Após o balanço final, todos estarão em merecidas férias."

Daqui há pouco ou daqui a pouco?

 

    Eis que estamos diante de duas expressões que, em termos sonoros, apresentam características idênticas, mas que se divergem quanto ao significado.
   O primeiro aspecto ao qual devemos nos atentar refere-se ao verbo "haver", visto que, neste caso, ele se concebe como impessoal. Mas por qual motivo? Descobriremos em instantes ao analisarmos o seguinte enunciado:

" meses não visito meus parentes."   Nesse caso, tem-se uma ideia de tempo decorrido, passado. Desta forma, ele permanece sempre na terceira pessoa do singular.
   Mas afinal, o que esta particularidade tem a ver com as expressões em estudo? Será que esta regra se aplica à expressão “daqui há pouco”?
   Pois bem, ao analisarmos a expressão “daqui a pouco”, obviamente que a primeira noção que nos vem à mente é que algo ainda está para acontecer, ou seja, denota um tempo futuro, e não passado.
  Portanto, o correto é dizermos: daqui a pouco, pois o “a”, neste caso, nos remete tal ideia, expressa por um tempo vindouro. Assim sendo, analisemos os exemplos que seguem, os quais representam a ocorrência em estudo:
"Daqui a pouco anoitecerá e com certeza não poderemos seguir viagem."

"Espere mais alguns instantes, pois ele deverá chegar daqui a pouco."

"Nossa! Daqui a pouco não teremos mais crianças nesta casa, pois o tempo passa muito rápido."
  Sendo assim, no intuito de conferir esse sentido à expressão, nunca opte pelo emprego do verbo "haver".