Discorrendo acerca da redundância


     Muitas vezes presenciamos, ou até mesmo proferimos, discursos que, embora imperceptíveis, transgridem, fogem do convencional. Tal ocorrência, sobretudo em se tratando da escrita, compromete a qualidade da mensagem, tornando-a pouco concebível aos olhos do interlocutor.
     Corriqueiras situações, como é o caso de “encarar de frente”, ilustram tal ocorrência, dada a constatação de elementos desnecessários à mensagem ora transmitida. Ora, qual o motivo de se usar para a locução adverbial “de frente”, se o ato de encarar já nos revela tal sentido? Assim, todas as vezes em que isso acontecer, diz-se que estamos diante de um vício de linguagem, denominado de redundância, que, como todo vício, deve ser automaticamente banido.
     Para isso, de modo a constatá-lo, devemos sempre ter um olhar crítico sobre aquilo que pretendemos dizer – algo que somente acontece quando nos dispomos a ampliar nosso conhecimento acerca dos fatos que norteiam a língua.
    Nesse sentido, colocando-nos a serviço de tal, reconheçamos, pois, outros casos representativos, uma vez expressos por:

“acabamento final”;
“antecipar para antes”;
“criar novos empregos”;
“conclusão final”;
“conviver junto”;
“elo de ligação”;
“encarar de frente”;
“ganhar grátis”;
“há anos atrás”, visto que o verbo haver já denota tempo decorrido;
“inaugurar o novo recinto”;
“manter o mesmo”
“novidade inédita”;
“panorama geral”;
“pequenos detalhes”;
“planos para o futuro”
“protagonista principal”;
“repetir de novo”;
“sorriso nos lábios”;
“surpresa inesperada”;
“todos são unânimes”;
“ viúva do falecido”...
    Assim, estes e tantos outros “redundam” por aí, sem que ao menos alguém os “infira” e os reveja.